quarta-feira, 28 de maio de 2014

I Simpósio Internacional de Tecnologia



I Simpósio Internacional de Tecnologia Assistiva do CNRTA

O Centro Nacional de Referência em Tecnologia Assistiva (CNRTA) e o Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer, com o financiamento/apoio do CNPq, têm o prazer de convidá-lo para o "I Simpósio Internacional de Tecnologia Assistiva (SITA) do CNRTA" a ser realizado de 03 a 05 de junho de 2014, em Campinas/SP, no auditório do CTI Renato Archer.

Logo das instituições parceiras
O evento será aberto ao público e possui inscrições gratuitas. O I SITA tem o propósito de refletir sobre o panorama da Tecnologia Assistiva e irá promover o aprofundamento em temas que permeiam o assunto, como a Educação, a Saúde, o Trabalho e a Acessibilidade. Será enfatizada a integração entre pesquisadores, usuários e empresas, oportunizando a troca de conhecimentos com palestrantes nacionais e internacionais.

No  evento haverá também mesas-redondas em que serão discutidos temas em prol da inclusão das pessoas com deficiência na sociedade e em prol do desenvolvimento da Tecnologia Assistiva, tendo como premissa a Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. Dentre os palestrantes convidados, estará o Prof. José Antonio dos Santos Borges (iNCE/UFRJ). Ele estará presente na mesa redonda: Exemplos de TICs Acessíveis, que esta prevista para as 10:00 horas da manha do dia 5 de junho de 2014

sua inscrição pelo e-mail sita-cnrta@cti.gov.br encaminhando as seguintes informações:
- Nome completo
- CPF
- E-mail
- Endereço
- Cidade
- Ocupação/Profissão
- Possui alguma deficiência? Se sim, qual?
Se preferir, também poderá realizar sua inscrição através do link abaixo:






Programação:

Aqui você encontrará informações sobre cada um dos especialistas presentes no SITA e suas principais abordagens.
 
faça o download da programação pelo link  www.simposiocnrta.com.br/programacao.xls

Direito à Igualdade


Direito à Igualdade

Logo IBDD
“Certamente no início da democracia em Atenas, quando foi pela primeira vez enunciado o princípio da igualdade perante a lei, já se pensava assim, mas por escrito mesmo Aristóteles, no século IV antes de Cristo, nos deixou a ideia de que “devemos tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida da sua desigualdade”.

A questão de direito à igualdade é essencial no que se refere às pessoas com deficiência, mas ainda está por construir no Brasil. O Estado brasileiro — os poderes executivos em seus diversos níveis — precisa entender que garantir acessibilidade é tornar possível o exercício do direito à igualdade.

Sem acessibilidade, em seu conceito mais amplo, teremos pessoas com deficiência impedidas de viver com autonomia na cidade. Cadeirantes que não conseguem pegar um ônibus porque a plataforma de acesso, quando existe, não funciona. Surdos sem intérprete de Libras, a Língua Brasileira de Sinais, nas escolas ou faculdades. Cegos que não podem usar um elevador com autonomia porque o elevador já tem seus números em braille, mas não dispõe de áudio ligado para identificar o andar em que parou.

Pessoas cegas, surdas, cadeirantes ou com deficiência intelectual não conseguem emprego porque as empresas, quando obrigadas a contratá-las, sempre escolhem pessoas com deficiência “leve”. A Lei de Cotas nunca foi levada a sério: nem pelas empresas — que não olham para a competência, mas sim para a deficiência — nem pelo governo, que nunca exigiu seu cumprimento.

Não me conformo com o fato de as ações judiciais do Instituto Brasileiro dos Direitos da Pessoa com Deficiência (IBDD) receberem sempre um não dos representantes dos poderes executivos. Não entendo o porquê. São sempre ações para garantir igualdade. Governos existem para proteger o cidadão, governos não são feitos para protegerem seus próprios interesses. E quando não cumprem uma determinação da Justiça, como no caso da acessibilidade para pessoas com deficiência em nossas quatro ações civis públicas, estão definitivamente acabando com a igualdade, que é a razão de existir da democracia.

O legislador já nos deu o direito, o Brasil tem a legislação mais inclusiva das Américas, a Justiça já confirmou esse direito, mas o Poder Executivo se entende com legitimidade para não efetivar esse direito. O Brasil é um país democrático?

A rampa, o elevador, o banheiro acessível, o instrutor de Libras, o programa de computador ou o ensino em braille, a escola inclusiva de qualidade e a reserva de vagas para o emprego nada mais são do que a normalização da vida da pessoa com deficiência. E devem existir dentro do princípio de que é esse tratamento desigual que constrói igualdade.

O olhar dos governos sobre a pessoa com deficiência em todo o Brasil precisa mudar. Os poderes executivos precisam ser construtores de democracia e igualdade, e não defensores da máquina do Estado. Pessoas com deficiência são cidadãs, não pedem favor, mas exigem direitos.”

Teresa Costa d’Amaral - Superintendente do 
Instituto Brasileiro dos Direitos da Pessoa com Deficiência (IBDD)

domingo, 25 de maio de 2014

Consumidores Deficientes Visuais



Empresas Necessitam Se Preocupar Com Consumidores Deficientes Visuais





Designs sofisticados contendo cores vibrantes e uma vasta gama de informações visuais estão presentes em diversos sites de marcas e empresas conhecidas. Pensando nisso, me questiono como pessoa com deficiência visual: será que todos tem acesso a esta informação?

Logomarca Niely
Pessoas com deficiência também são consumidoras e movimentam a economia. Muitas vezes recebemos um e-mail marketing repleto de imagens e sem nenhuma informação. Muitas vezes tentamos abrir páginas com o aplicativo Webvox (aplicativo do sistema Dosvox que permite ao deficiente visual o acesso à internet) ou até mesmo através de um leitor de telas (NVDA, Virtuaul Visual ou Jaux). Mas, na maioria das vezes, a solução é ter que pedir ajuda a um vidente.


Estava navegando na internet, realizando uma pesquisa sobre Terapia Capilar. Um dos sites informados pela busca me chamou bastante a atenção. Trata-se do site da empresa Niely (do ramo de cosméticos). Inicialmente, o site é compatível com leitor de tela. Posteriormente, constatei a compatibilidade do site com o webvox. Sendo assim, a empresa Niely demonstra preocupação com seus clientes ao oferecer uma riqueza detalhada de informações sobre seus produtos.


segunda-feira, 12 de maio de 2014

II Encontro Norte-Nordeste




Maranhão sedia o II Encontro Norte-Nordeste de Informática Inclusiva




Apresentação do Quimivox
São Luís teve a honra de sediar o II Encontro Norte-Nordeste de Informática Inclusiva com o Uso do Dosvox. O evento ocorreu entre os dias 01 e 03 de maio e teve como objetivos proporcionar às pessoas com deficiência visual das Regiões Norte e Nordeste participarem de um encontro sobre informática inclusiva e atrair profissionais de diversas áreas do conhecimento e gestores públicos interessados nos direitos e na independência dos cidadãos com deficiência visual destas Regiões.

Sob a  realização da Associação dos Deficientes Visuais do Maranhão - ASDEVIMA e do Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, foram apresentados métodos, recursos e instrumentos de inclusão digital que proporcionam a integração social  de pessoas com deficiência visual (NVDA, Dosvox e outros softwares específicos).
Após seu retorno do evento, o Prof. José Antonio Borges encaminhou uma comunicação à comunidade Dosvox sobre a importância da realização do Encontro Norte/Nordeste.:

“Olá amigos,

Quero aqui falar sobre um aspecto particular deste evento.  Ele me­­
deixou claro, inequívoco, que vivemos em um país de contrastes.

Nós vemos hoje, na região sul e sudeste, especialmente, um avanço
enorme na Informática para cegos.  Não é apenas o Dosvox que se tornou
realidade, mas um imenso arsenal de sistemas e equipamentos que
modificaram a vida de milhares de pessoas cegas e com baixa visão, e
isso aconteceu em menos de 20 anos.  Mas os problemas que existem
aqui, são totalmente distintos dos problemas encontrados nas cidades
do interior do Norte e Nordeste.

Nos últimos encontros Dosvox, em especial no último, realizado no
Rio de Janeiro, pudemos constatar que a ação precisa ser diferenciada,
ou o avanço conseguido por uma enorme massa de cegos do sul e sudeste
não alcançará uma quantidade muito maior de pessoas que ainda estão
totalmente desinformadas e desassistidas tecnologicamente.

Enquanto muitos dos cegos de cidades como Rio, São Paulo, Recife ou
Campinas vivenciam a pujança tecnológica, as múltiplas e caras opções
que são hoje dadas aos deficientes visuais, muitos dos cegos de
cidades como São Luís, sequer são alfabetizados porque suas famílias
temem que ao dar-lhes estudo, farão com que percam seu benefício único
que sustenta a família.

De certa forma, então, eu me sinto frustrado em não poder oferecer
àquelas pessoas o que é importante para elas, e que não é a
super-informática, os últimos avanços tecnológicos, a computação em
nuvem, a comunicação em altíssima velocidade, a virtualização que tudo
consegue modificar, mas sim, a computação mais simples, mais social,
mais pedagógica, com o olhar cultural, com a percepção de que a
defasagem existe e que pode ser minimizada com ações concretas.  Em
muitas cidades há cegos que nunca viram um computador falante.
Inúmeros professores de muitas regiões estão muito desinformados de
quanto o computador pode ajudar a uma pessoa com deficiência visual, e
qual é seu papel neste processo.  Muitos políticos que poderiam
exercitar ações socializantes com o uso da informática e da internet
para deficientes visuais não o fazem por total desconhecimento do que
pode ser feito e na vantagem imensa que isso traz.

Prof. Antonio Borges em São Luís
Muitos exemplos eu conheci ao vivo, como o do Sr. Salomão, que teve a
petulância de se candidatar a vereância de uma pequena cidade, e que
foi sumariamente recusado por ser analfabeto e cego.  E este mesmo
cego perdeu a paciência e usou o Dosvox para aprender a ler, sozinho,
sem ninguém na cidade para ajudar.  Eu nunca acreditei que isso fosse
possível, até que vi um homem me contar sua história, e depois
contá-la em plenário, arrancando lágrimas da platéia por perceberem a
importância do Dosvox no interior do país é transcendental, e que nós
nunca demos importância às pessoas cegas que lá vivem, onde a cultura
é só um longínquo eco, e o computador um sonho impossível.  Esse mesmo
cego que hoje não quer mais ser vereador, entendendo que pode prestar
muito melhor serviço fundando uma associação de assistência, educação
e desporto para cegos numa imensa região em que não há nada,
absolutamente nada, para deficientes visuais.

Senti imensa falta de mais professores, gestores e políticos, e tive a
nítida impressão de que nós, neste momento, mesmo em eventos de grande
visibilidade, estamos direcionando nossas ações apenas para quem já
conhece e participa da história de transformação dos cegos.  Nós nos
esquecemos de quem não conhece ainda nada de progresso da cultura
tiflológica, não teve sua vida mudada pela tecnologia, e com
frequência, não acredita que os cegos tenham algum papel a cumprir, a
não ser receber o BPC que sustenta a família pobre.

Me refiro não apenas às ações capitaneadas pelo projeto Dosvox, mas a
todas as instituições formais de ensino, a todos os professores que
podiam estar mudando o patamar da vida de tanta gente, de todos os
gestores que podiam estar promovendo ações educativas, de treinamento
e de multiplicação sobre tecnologia assistiva, e de todas as
instituições formais de apoio a cegos que poderiam, mas não promovem,
ações de disseminação da escrita braille e da tecnologia assistiva.
Não fazem, frequentemente, não porque não queiram, mas porque têm
noção de que o acesso à educação amplificada pela computação, pode
alavancar de forma total o potencial de tantos indivíduos no nosso
país.

Posso me exprimir aqui de forma utópica, mas sinto que é preciso mudar
isso: precisamos falar com cada pessoa que possa multiplicar as idéias
de progresso para os cegos do interior, levando um mínimo de
informação sobre a escrita Braille e sobre o Dosvox (que em algum
momento devem ser também associados a outras tecnologias), na medida
em que podem ser promotores de ações que podem gerar profundas
transformações sociais em imensas regiões totalmente desassistidas.

Em síntese, em muitas regiões, o estágio das pessoas cegas em relação
a informática é equivalente a pelo menos 10 anos atrás do que se
atingiu hoje em outras regiões.  É preciso fazer algo para mudar isso,
e fazer já!

Um comentário.  E a região centro-oeste?  Esta também deve merecer um
encontro regional e sei que isso vai acontecer.   Confiamos em
importantes órgãos como, por exemplo, a Abedev, entre outras
associações situadas nesta importante região do Brasil, para que
igualmente façam florescer iniciativas como as do Norte-Nordeste, na
querida região centro-oeste.

Saio dali renovado, com a reiterada certeza de que a
missão do projeto Dosvox está apenas começando, e não terminando como
muitos teimam em afirmar.

Parabéns, Paulo Roberto e Muniz, por terem assumido esta
importante missão.  Contem comigo para o que der e vier, pois as
pessoas com deficiência visual não podem absolutamente ser divididas
naquelas que tudo podem e naquelas que estão totalmente ausentes do
que a tecnologia oferece em prol da melhoria de suas vidas.

Grande abraço, cheio de ternura e amor pelo nosso grande Brasil, onde
há tanto que fazer.
Antonio Borges”